
Empresas brasileiras de vários setores afirmam estar vivendo um “apagão” de mão de obra qualificada, mesmo em um momento em que a taxa de desemprego está no menor nível da série histórica: 5,6%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A indústria é o setor mais afetado. Uma pesquisa da Confederação Nacional da Indústria mostrou que 62% das empresas industriais têm dificuldade para contratar profissionais capacitados. Para o setor, a raiz do problema está na formação educacional.
Atualmente, apenas 11% dos jovens que concluem o ensino médio fazem cursos técnicos. Nos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, esse percentual varia de 35% a 65%. Para tentar reduzir essa distância, instituições brasileiras têm criado programas voltados para setores estratégicos, como construção civil, inteligência artificial, energia renovável, vestuário e alimentos.
Outro fator que contribui para o problema é a troca frequente de emprego. Dados compilados por pesquisadores da Fundação Getulio Vargas mostram que, em 2018, menos de 12% dos trabalhadores mudaram de emprego de um ano para o outro. Em 2022, esse número ultrapassou 14% e hoje está em 13,7%.
O comércio no estado de São Paulo também sente o impacto. O tempo médio de permanência no setor caiu para 26 meses, uma redução de 7% desde 2015. Em áreas como madeira e materiais de construção, a queda chega a 12%.
Especialistas apontam ainda uma mudança de comportamento entre os jovens, que preferem atividades com mais liberdade de horário e possibilidade de ganhos variáveis, como trabalhar por conta própria ou por projetos.

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