
Durante a solenidade do corte do bolo em comemoração aos 167 anos de Caruaru, nesta segunda-feira (18), profissionais da educação municipal interromperam a cerimônia oficial para protestar contra a falta de valorização por parte da prefeitura. O ato pegou de surpresa autoridades presentes e expôs, diante da população, o descontentamento geral da categoria.
Com cartazes, palavras de ordem e falas contundentes ao microfone, os trabalhadores cobraram melhores condições de trabalho, respeito aos direitos e o fim das ameaças sofridas dentro das escolas. Muitos estavam fardados e usaram o momento simbólico para chamar a atenção da imprensa e da sociedade.
❝Sem água, sem papel, sem respeito❞
Uma das falas mais marcantes do protesto veio de um servidor que desabafou diante do público:
“Trabalhamos sem acesso a material. Muitas vezes sem água nas escolas, sem papel higiênico, sem o mínimo. Os professores não trabalham sem auxiliares, mas nós trabalhamos sem professores. Carregamos as escolas nas costas. A educação municipal de Caruaru precisa valorizar a gente.”
Ele ainda ressaltou que os servidores estão adoecidos física e emocionalmente, e criticou a forma como a prefeitura tem tratado a categoria:
“Como é que se avança na educação do município sem cuidar dos seus profissionais, sem cuidar dos seus servidores públicos?”
❝Fake news e ameaças dentro das escolas❞
Outro ponto grave denunciado no protesto foi a circulação de informações falsas que têm gerado medo entre os profissionais que ainda estão no estágio probatório. Segundo os manifestantes, há relatos de gestores dizendo que tirar licença médica seria motivo para reprovação nesse período.
“Como é que se trabalha doente? Não basta a prefeitura tratar a gente como palhaços, como analfabetos funcionais. Estão nos desrespeitando enquanto pessoas e profissionais.”
“Não se deixem intimidar pelas ameaças das direções, das coordenações, das secretarias. Nós temos respaldo legal. Nós sabemos ler e interpretar muito bem. Viu, prefeitura de Caruaru?”
Protesto também ocorreu em frente à sede da Prefeitura
Ainda no domingo (18), pela manhã, profissionais da educação realizaram outro protesto pacífico em frente à sede da Prefeitura de Caruaru. Auxiliares de educação, apoio escolar e monitores de transporte participaram do ato, organizado pelo Sindicato dos Servidores Municipais de Caruaru (Sismuc Regional).
A mobilização teve como foco a exclusão de diversas categorias da portaria recentemente divulgada pela administração municipal. O grupo também reivindicou a retomada das negociações sobre o Plano de Cargos e Carreiras (PCC), que, segundo os profissionais, está suspenso há mais de dois anos.
De acordo com os manifestantes, a prefeitura anunciou no sábado (17) a suspensão temporária dos trabalhos de construção do PCC, o que gerou frustração. Eles também criticaram o reajuste salarial previsto para o segundo semestre, com valores entre R$ 80 e R$ 100 — considerado insuficiente diante das perdas inflacionárias acumuladas e estabelecido sem consulta à categoria.
Reunião marcada após pressão
Durante o protesto em frente à Prefeitura, os secretários de Educação, Kaio Henrique, e de Administração, Michelly Martins, se reuniram com representantes do movimento e agendaram uma nova rodada de negociações para esta segunda-feira (19), na sede da Secretaria de Educação (SEDUC). A expectativa é que a reunião traga avanços concretos para as pautas da categoria.
Educação pede socorro
A sequência de manifestações deixa claro que a educação pública de Caruaru vive um momento crítico. Falta de estrutura, adoecimento dos profissionais, ausência de diálogo e promessas não cumpridas vêm gerando um clima de revolta entre os servidores.
Para muitos, o ato no dia do aniversário da cidade foi um grito de socorro — e um recado direto à gestão municipal: não há avanço na educação sem cuidar de quem faz a escola acontecer.

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